Tomaz Fantin
Os muito puristas que me perdoem, mas campeonato bom é campeonato ruim e vice-versa.
A arte do drible, o espaço para a invenção e o inesperado tem cada vez menos espaço no futebol pós-moderno.
O Brasileiro, por exemplo, depois que se modernizou e ficou organizado entraram muitos baldes de dinheiro e virou numa balaca que Deus o livre. E taca site de apostas no povo!
Champions League e Libertadores, as obsessões dos gigantes, parecem joguinhos de videogame em Arenas metidas a besta.
E depois que fizeram a final única aí desandou a maionese de vez.
Tirando isso, na minha opinião o melhor campeonato de mundo é a Copa Sul-Americana.
Já tivemos Boca e Cruzeiro ( e era só nas oitavas), Atlhéthicho Paranense ( na dúvida enchi de h) e Racing.
Sportivo Ameliano do Paraguai, Always Ready (Sempre Pronto) de El Alto, região metropolitana de La Paz, Cuiabá, LDU.
Deportivo Villejo lá da costa peruana do Pacífico e o Coquimbo Unido, da chilena.
Belgrano de Córdoba, já que a Argentina não é só Buenos Aires.
Em dois parágrafos saímos do Rio de Prata para um oásis no deserto do Atacama, passamos por Curitiba e BH, subimos a Cordilheira dos Andes duas vezes e ainda demos uma paradinha no Cerrado brasileiro.
E eu nem citei o Rayo Zuliano de Marcaibo, no Caribe Venezuelano.
A final deste grande campeonato será entre Cruzeiro e Racing, Buenos Aires contra Avellaneda, Minas enfrentando a Região metropolitana de Buenos Aires.
Infelizmente enfiaram este jogo no Paraguai longe das duas torcidas pra lá de fanáticas e que encheriam os dois estádios: o Mineirão e o Presidente Perón.
Cada vez que olhos os grupos da Sul-Americana, todo ano antes de começar o campeonato, me lembro de um mochilão que fiz pelos Andes em 2018.
Teve um dia que às sete horas da manhã, zero grau, passei por um potreiro na cidade de Pisac, próxima do Valle Sagrado Inca, a quatro mil metros de altitude.
Vinte e dois guris, vestindo casaquinhos de alpaca, jogavam bola sobre a neve.
O ar estava rarefeito, mas o futebol respirava aliviado.