Tomaz Fantin
Estou lendo O Tempo e O Vento pela terceira vez.
Em 2001 eu estava me preparando para o vestibular. “Ana Terra” ou “Um Certo Capitão Rodrigo” costumavam cair na UFRGS e, depois da leitura obrigatória, segui até o final.
Em 2012 eu tinha começado como professor no Instituto Federal. Pegava o D43 até o Campus do Vale, onde fazia doutorado, depois o D43 de volta até o Mercado Público, daí o Trensurb até Sapucaia e depois a volta até o Utopia e Luta.
Nas quase 4 horas diárias de transporte público li O Continente e O Retrato. Depois nas férias O Arquipélago.
Agora, em 2023, já estou na metade da Parte 2, O Retrato.
Acho que o Érico Veríssimo escreveu a obra definitiva sobre o Rio Grande do Sul através do ângulo das elites, mas mesmo assim ninguém deveria morrer sem fazer esta viagem no tempo que vai do ataque de Portugal e Espanha aos Sete Povos das Missões até o fim do Estado Novo.
Só lembrando que as adaptações para série e filme foram só da Parte 1: O Continente.
Certa feita visitei a casa de Jorge Amado, no Rio Vermelho em Salvador, e encontrei uma carta de Érico para o romancista baiano.
Na carta, o gaúcho desmentia a visão romântica do escritor inspirado que bebe cachaça o dia inteiro, viaja, é boêmio e as histórias chegam como milagre em sua cabeça iluminada. Érico contava que em função do esforço dedicado na escrita da trilogia estava com pressão alta e diversos problemas de ansiedade.